Os mastocitomas são descritos como as neoplasias malignas mais frequentes em cães com idade média de 8 a 9 anos, podendo ser cutâneos ou subcutâneos. Sendo os mastocitomas subcutâneos menos comuns em cães e possuírem uma classificação histológica própria, subdivididos em circunscrito, combinado ou infiltrativo. Neste contexto, objetiva-se relatar a exérese de um mastocitoma subcutâneo em um cão. Foi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário da UNIPAMPA um cão, de 5 anos e 2 meses de idade, não castrado, da raça Pastor Maremano, apresentando um nódulo em região abdominal lateral direita. A massa, firmemente aderida à musculatura local e em íntimo contato com a 13ª costela, media aproximadamente 6,3 x 6,5 cm. O exame citopatológico externo foi sugestivo de mastocitoma. O paciente encontrava-se clinicamente estável, sem alterações nos parâmetros fisiológicos. Para estadiamento tumoral, foram realizados ultrassonografia abdominal, radiografia torácica e exames laboratoriais completos (hemograma e bioquímica), todos sem alterações significativas. A ultrassonografia focal da massa revelou aderência muscular e proximidade com a 13ª costela, auxiliando no planejamento cirúrgico. Assim, o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico de ressecção neoplásica, com margens de 3 cm a partir dos limites da massa em todas as direções. Durante o transoperatório observou-se aderência profunda nos músculos oblíquo abdominal externo e interno, sendo ambos resseccionados, juntamente com o transverso abdominal. Ainda, a 13º costela que estava aderida a massa tumoral foi desarticulada. A síntese foi realizada plano a plano, aproximando a musculatura adjacente, sem necessidade de reconstrução. O paciente permaneceu internado por 72 horas, com analgesia e bandagem compressiva nas primeiras 48 horas. O material foi enviado para histopatologia, que confirmou o diagnóstico de mastocitoma subcutâneo tipo combinado (circunscrito/infiltrativo). As margens laterais estavam livres de neoplasia (M4: >5 mm das margens), porém a margem profunda foi considerada exígua (M2: <2 mm). Mastocitomas apresentam potencial metastático e elevada taxa de recidiva, sendo a excisão cirúrgica com margens amplas o tratamento de eleição. O mastocitoma subcutâneo tende a apresentar comportamento biológico mais favorável que o cutâneo, com menor agressividade. No entanto, margens exíguas, como as observadas neste caso, aumentam o risco de recidiva local, exigindo monitoramento oncológico contínuo e possível terapia adjuvante. A maior margem profunda possível foi obtida, dada a invasão à cavidade abdominal, e o paciente foi encaminhado para acompanhamento oncológico. Até o momento já se passaram 60 dias desde o procedimento cirúrgico, sem indícios de recidiva. Conclui-se que o planejamento cirúrgico cuidadoso, aliado à avaliação histopatológica das margens, é essencial para o controle do mastocitoma, contribuindo para o diagnóstico definitivo, prognóstico e conduta terapêutica adequada.